quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A charada de Medéia

Homenagem  ao  poema "Nas cinzas de Gramsci" , de Pasolini

A voz é alta
O enigma é gordo
Todo o grito é grosso
Um passado morto 
[Os mortos nunca param de dizer suas alegorias]

Andam os desmemoriados sem reconhecer as vozes das lápides
A voz é aguda. A charada é crítica.
Enigma turvo
Os lobos uivam, fantasmas andam entre os vivos
Dizendo palavras de silêncio
A charada amarga cai no esquecimento
Parda.
Ardendo a alma dos filhos de Medéia.
Culpados, sem saberem os motivos.

Não conhecem o corpo materno
[que um dia sugaram o seu leite de sangue]
Não conhecem a sua Barbárie
Que as múmias oligarcas permitiram que a história apagasse.
Apagasse a identidade dos abortados vivos.  
Os filhos de Medéia  não têm imaginação
Não têm identidade
Vivem na sua mediocridade
Sem passado. Sem linguagem.
[ Suas palavras foram roubadas pelos militares que um dia maquiaram a Barbárie.
A Medéia que não tem corpo, arde na alma de seus filhos que não têm palavras]
A charada não tem palavras
Sonoras soltas
Medéia é a imaginação
Roubada 

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