sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Crônica Banal

Na realidade, sempre procurei a invisibilidade da minha voz, estando sozinha no escritório, onde só há eu e o computador. A voz não é sequer o adorno da minha companhia. Barulhos repetitivos, impessoais, como a digitação, o tic-tic da caneta e a barriga roncando, são os meus melhores amigos. Acredito que após a concretização da minha independência financeira, tudo que soa bastante impessoal, inclusive a minha barriga roncando de fome, é o maior motivo da existência ainda continuar se realizando.

Falemos de produtividade. O que é produtividade em um dia? É acordar; trabalhar; ganhar dinheiro; fumar; dormir com meu amante; por último, entretanto, não menos importante, virar de costas e escutar o cansaço de uma noite desgastante, observando o vazio de um quarto impessoal que é o meu. Até fechar os olhos e dormir ainda cansada.

Vivo cansada, acordo cansada e durmo cansada. Nunca consigo descansar e quando fumo um cigarro, além de parecer ser uma melancólica, sinto a minha presente e falsa intelectualidade de filosofar sobre o nada para lugar nenhum. Fingindo ser uma pessoa extremamente interessante, quer falando de Sartre, quer falando de Nietzsche, mas falando. As pessoas cultas sempre falam deles, sigo-as como deuses.

Descrevia o meu dia no escritório, então, só tem eu e o computador. O computador olha para mim o dia inteiro, às vezes não trabalho, invento no twitter algumas frases de efeito, que na realidade não as elaboro, rouba-as mesmo na cara dura. Alguns gostam ( pensando que sou eu a criadora) porque é mais um enfeite de publicação de amostra da nossa cultura aparentemente tão rica. Sou feliz, sempre fui, a minha mediocridade me alegre todos os dias, quando acordo e repito o meu ciclo de mentiras.

Um comentário:

  1. Quanto mais corremos...
    mais nos cansamos...
    Quanto mais corremos...
    Menos olhamos a paisagem...

    Beijos
    Calma...

    Leca

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