segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Canção Disritmia

Passeando despreocupadamente pelos vídeos no site do Youtube, de repente, eu me deparei com uma canção chamada Disritmia enquanto apreciava algumas interpretações do Ney Matogrosso, e essa canção ele cantava junto com o Paulo Luís, acabei me encontrando justamente com esses versos e essa música, fiquei maravilhada. Havia outras interpretações dessa canção (peguei mania de ver outras interpretações da mesma canção) que foram feitas por músicos como Martinália, Zeca Baleiro e Martinho da Vila.

Ô Deus, me assustei. Nunca gostei do Martinho da Vila, tinha um certo preconceito por sambas e pagodes, subestimava o valor cultural disso aí, mas estava enganada. Disritmia é uma canção magnífica, - ô gente! – e ela foi composta por Martinho da Vila, tão bela, tão disforme e tão preciosa. O ritmo de samba, - xim xim x xamb, - sempre fora o meu grande encanto e encontrá-lo na voz do Martinho da Vila, para mim, foi uma grande descoberta. Tem uns momentos que a voz dele fica meio nasal, um pouco fanho.

Durante dias, eu não dormia. Só pensava nessa canção e na voz do Martinho da Vila, fiquei mais curiosa ainda e ouvi outras coisas dele, mas nada me impressionou tanto como essa canção (eu admito). Ouvia e não parava mais, ia trabalhar e os meus colegas percebiam-me cantando, então, vinham com uma pergunta: “que música é essa?”. Eu respondia: é do Martinho da Vila. Eles me olhavam com um rosto estranho, quase como se dissessem, - você gosta mesmo disso? . Se alguém me perguntasse isso, acho que como eu sou tão notavelmente conveniente com o jogo, responderia sim, mas que só era aquela, acho que seria essa a minha resposta. Ainda bem que nunca me perguntaram.

O Ney Matogrosso e o Paulo Luís, na versão que segue abaixo, deram uma personalidade e uma atualidade nessa canção, tão indescritível. É difícil escrever sobre essa canção sem se emocionar, quando a escuto fico claramente abobalhada. Essas horas que eu chego a conclusão: uma experiência artística realmente bem trabalhada e com uma sintonia de entrega tremenda, entre o artista e o objeto trabalhado, dão-se em um resultado irracional, ou seja, não são postas em palavras logicamente gramaticais. Isso pode ser feito com absolutamente quaisquer ritmos, seja samba, seja rock, seja funk, o que importa é a emoção e a experiência transmitida ao outro. Segue-se o vídeo:







Um comentário:

  1. Excelente, mesmo. E não precisa ter vergonha: há muita coisa boa no samba, de verdade. Ainda não ouvi algo realmente bom no funk carioca, mas certamente é porque não o escuto.

    Muito bom seu blogue, menina. Acompanho-o agora!

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