domingo, 1 de agosto de 2010

Divagações ao vento

Tudo que o homem faz são especulações sobre a vida, o amor, a civilização, a arte e a política, um homem que nunca fez esse prazer de especular, não compreendeu metade da sua vivência na terra, e quem sabe foi mais feliz, quem sabe não. Ele perdeu o maior prazer de todos, o de criar respostas pra isto.

Fico muito enojada com as respostas prontas, caídas no céu. Às vezes, penso que não sou totalmente espiritualizada por causa desses discursos milagrosos sobre a condição humana e Deus. Se acredito nele? Acredito sim, nunca duvidei na existência de Deus em momento nenhum, apesar de questionar em alguns momentos nessa necessidade Dele ser bom o tempo inteiro. Depois de um tempo, simplesmente, eu parei de pensar em Deus como algo que me julga por todos os meus pecados e as minhas purezas, penso que ele não está preocupado com nada disso (muito menos comigo), e parei de pensar nele, como também deixei de enumerar os meus pecados e as minhas ações puritanas para garantir a minha entrada no céu.

Imagine um cigarro (eu adoro isso). A fumaça sumindo e vaporizando todo o meu nervosismo de existir, acabando com o que resta da minha respiração vaga e do meu olhar poluído purificando a minha alma inteira. Isso não é nada, apenas a minha maior felicidade. Me exijo demais, e o engraçado é que gosto de verdade é do vento, para mim, o meu momento preferido é esse mesmo, o de só fumar. Se há momentos de felicidade suprema é quando nada se pensa, as crianças sentem melhor porque apreciam o vento batendo no rosto e sobrevivem, a carga imensa de lucidez da infância delas, correndo atrás de pipas e de outras crianças. Elas sabem brincar e se divertir, esquecendo-se dessa necessidade imprudente de sempre desejar um Deus bom, justo e poderoso.

Antes eu tinha tanta criatividade, isso soa um tanto romântico. Mas é verdade. A minha ousadia quando menina era imensa, às vezes, eu penso que perdi ela completamente, cadê aquela coragem que tinha de enfrentar dragões e soldados. Que eu gostava mesmo era de vento, e não de homens, e não de mulheres, e nem de gatos, só de vento!

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