terça-feira, 17 de agosto de 2010

Pontos Pontuais

Frases que nunca viraram crônicas

A intenção dessa crônica é mostrar para os leitores, as milhares de possibilidades de crônicas que não foram escritas. Sabe, aquelas frases soltas que só pairaram no ar, mas nunca viraram crônicas. Quando isso acontece comigo, eu fico bastante brava, mas anoto-as, uma hora ou outra (ou não), elas vão servir para algum esboço.

                         *****

1) A vida é um intervalo entre o nascimento e a morte. Viver é apenas o movimento disso;

2) Quando eu estou com você, eu não sei o que falar, falo o que me vem na cabeça. Disse ele, no quarto, agarrando-a sem cobertas. Ela riu, porque não sabia o que dizer;

3) Quando eu choro, penso se as lágrimas são realmente minhas, ou são dessa minha tristeza;

4) Conhecer uma realidade sabendo o limite dela, é (talvez) compreender que nunca se foge realmente desses muros tirânicos;

5) A fuga é o meu maior ópio;

6) A personalidade, que eu resguardo, é um metodismo caótico;

7) Nunca seremos livres;

9) Os idiotas agradáveis são verdadeiramente inesquecíveis. O que seria de mim sem eles;

10) A minha ideologia é a arma tirânica que me reprimi;

             *****


As crônicas nunca fugiram dessa coisa chamada pensamento, ficaram por lá, estáticas. Elas viraram estátuas, peças antigas que servem para serem contempladas, visitadas e revisitadas. Essas peças de museu são a memória desse pensamento que, por mim, não vão ser esquecidas. Ao término do passeio, por elas, vão ao quarto de vocês e façam um trabalho com a memória. Quantos pensamentos forão pensados e quantos encontraram a possibilidade (in)grata de vir a ser ação? Quantas cartas não foram mandadas? Quantos romances inacabados? Quantas mortes não foram matadas? Quantos suicídios não aconteceram? Quantos contos não foram contados? Quantas cenas poderiam ser realizadas?


Depois de tanta nostalgia, a vida renasce sem soar o dia. A gente vai vivendo e não se apercebe, quando vê, tudo acontece. As perguntas sem respostas, os acontecimentos sem memórias, tudo que é dito, tudo que é o não-dito, acabam, sem querer, também fazendo parte dessa história que foi inventada. A nostalgia também é vida e o não-dito vira história.

Um comentário:

  1. Muito bem observado. Os dias são construídos mais pelo não-dito do que pelo dito. E farei este exercício mental novamente!

    ResponderExcluir