sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Problema do Eu-Lírico e a História

Vou falar que nem uma mulher desbocada. A História é um pedantismo cultural, a única ciência mutável e imperfeita que sonha ser científica, factual e inegável. É chata porque se consagra no cientificismo, mas é bela porque o absolutismo nela não há nada de generalizante. Os processos situados históricos não são repetitivos, enganam-se, a história não revive o estado puro do passado. As pessoas têm entre si uma pluralidade de corpos. Façam um exercício: observem um vaso hoje, depois amanhã... Tentem, então, re-escrever a totalidade do ontem. O que vão ter? O estado puro do vaso hoje?

A História é uma Hera, porque defende o casamento imperfeito com as outras musas das humanidades, porém é uma Afrodite, porque ela é irresistível. A História é a prisão da humanidade.

Um comentário:

  1. "A História é a prisão da humanidade", que nos faz comparar o amanhã com o ontem descabidamente.

    Ótimo!

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