domingo, 10 de outubro de 2010

Sobre o TU

Não deveria romantizar tanto a Língua Portuguesa, fingir-me como uma espécie feminina de Nelson Gonçalves, Chico Buarque mais amoroso, Vinicius de Moraes ou poemas parnasianos cantados no boteco. Só, para descrever a ti, essa doce sensação que tenho quando tomamos café juntos, vinho e tragamos um pouco de Vila Rica.

Não deveria utilizar nessa prosa o pronome tu para falar de você; pois, eu penso em você, acordo com você, sonho com você e culpabilizo você por todo o prazer e merda que idealizo nas minhas ficções, culpando-lhe sempre com esse ódio apaixonante que entrego a você quando nos abraçamos. Não ao tu. Sinceramente, nem sei como prosear com o pronome tu para falar de alguém que penso só como você.

Tu não tenhas raiva de mim, meu amor, só porque não consigo romantizar a Língua Portuguesa. Eu escrevo com um certo desleixo por causa da utilização de palavrões deselegantes, sintaxe desajeitada, pontuações equivocadas e pronomes oblíquos utilizados antes do verbo. Não me culpes, pois não deveria romantizar essa língua e fingir que ela é diferente de nós dois, porque só você é capaz de deixar a minha ortografia mais caótica do que já é. Mas, (já que me pede com tanto amor), eu prometo que vou utilizar o TU mais vezes; só porque é você. Não deveria. Mas vou como prova da minha devoção que sinto por sua coisa, idealizar-te com pronomes diferentes do real.

Vou chamar VOCÊ de TU, te ligarei no meio da tarde e direi: Boa noite, meu amor, como passaste o dia? Você vai rir; estranha achará a minha mudança de pronomes tão repentinamente. Aposto que vai perguntar: por que me chama de TU e não de VOCÊ? Quando você me fizer essa pergunta, eu vou responder assim: chamo-te de TU, porque o pronome VOCÊ é um desleixo tão grande para esse amor banhado de vinho, cafeína e Vila Rica; TU és o pronome VOCÊ mais apaixonado. Aí! Como eu TU amo VOCÊ!...

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