domingo, 17 de outubro de 2010

O Problema do Eu-Lírico e a Política

Tenho até medo de começar esse assunto. Tem gente que fica muito irritada. Não compreende por ignorância mesmo, não aceita, ou, por estar tão imerso nessa prática racional (a Política), não consegue abrir os olhos para outras espécies de práticas ideológicas que visam a sensibilidade; mas que não são necessariamente panfletárias ou partidárias, porque vão um pouco além do mundo racional, cronológico e empírico. (Não faço parte da noção: a arte pela arte, mas também não gosto da auto-valorização que fizeram com a noção oposta: a política pela arte. A arte é da humanidade. E só).

Não quero escrever uma literatura partidária. Não escrevo pra políticos somente; escrevo pra homens pobres, homens ricos, bichos, anjos, espíritos, deuses, tiranos, perversos, neuróticos e solitários. Escrevo por necessidade individualista que é desabrochar para o mundo e tornar-me lírio flutuante, não para denunciar e nem para horrorizar. Afinal, até aqueles que se horrorizam com literatura, sentem prazer de reconhecer o motivo desse horror literário, - por que existem existencialistas, nietzscheanos e marxistas?Por que gostam de Sartre ou de Marx? (A gente só gosta de algo que nos dá prazer e nos traduza como somos). Esse povo existe por causa do conhecimento esparso na humanidade; existem porque o conhecimento é soberbo; existem porque outros acreditam neles. É gostoso entender o horror estético, não é ruim ser soberbo, é bom e pronto.

Não escrevo literatura panfletária. A minha lente, que é um socialismo-utópico, está expressa no ritmo das palavras, nos pontos de vistas das personagens e no estado de raiva, de pena, de anseio, talvez de angústia que o eu-lírico sente em relação ao mundo. Não escrevo para converter ninguém a uma ideologia política, não quero militar com literatura; diria Cortázar: “que existem literaturas revolucionárias que não tinham nada de revolucionário como literatura”. Esses fragmentos escritos por mim não têm intenção de revolucionar o mundo e pregar o socialismo, ou partidarismo. A consciência política existe em outras maneiras de representações que não são somente essas duas relatadas acima; a partir do momento que homens começam a viver coletivamente com leis,  ações políticas começaram a ser praticadas implicitamente ou explicitamente.

Contradição é dizer: Tudo é política e, depois, falar que existem ações mais políticas que as outras.

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