quinta-feira, 15 de setembro de 2011

carta ao amigo

Meu amigo,

ajude-me a curar de minhas angústias. Sou uma pessimista com grandes notas de rodapé que sinalizam pequenas melhoras do país cujo é minha pátria materna. Estou cansada, um tanto à flor da pele, estou com saudades das nossas besteiras de manhã e ficar cantando sertanejos para descansar a mente dos intelectualismos de segunda mão.

dê-me respostas objetivas sobre o futuro, sobre a morte e o amor. Conte-me se eu estou no caminho certo, uma pequena indicação de que o caminho meu é meio certo ou meio errado. Estou cansada de tantas dicotomias, um pouco saturada de lutas que se conseguem minúsculas conquistas, corre-se cem quilômetros para conseguir efetivamente um centímetro de realização material.

Meu amigo, você ainda escuta blues, ainda ama o seu homem, ainda gosta de poesias marginais? Eu não sei mais quem eu sou, não sei mais quais serão as minhas vontades daqui dois minutos. Não leio mais, não como mais (não porque eu me apaixonei; mas porque é demais meu amigo! É demais!), estou muito magra, não consigo dormir. As minhas vadiagens consomem demais os meus dias e as mãos masculinas encostam-me com carinhos não apaixonados, é só sacangem, é só putaria.

Essa angústia é incurável? Se eu trabalhar melhora? Se eu ganhar dinheiro acalma? Se eu tiver filhos diminui? Se eu casar não vou me sentir mais sozinha? Tantas perguntas, meu amigo, por que você não me responde somente uma? A vida é estranha, não tem professores que indicam notas altas ou baixas para saber se está indo bem ou mal. Meu amigo, como eu estou com saudades de você! Vamos sair um dia desses para reclamar da vida, para cantar aquela música e relembrar quem nós éramos um pouquinho, vamos falar de amores consumidos, tomar um guaraná, uma vodca ou coca-cola, vamos falar de rock n' roll ou de bossa nova, vamos papear em pleno domingo e esquecer que somos civilizados. Meu amigo, que saudade! Que saudade que tenho de você... 

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