segunda-feira, 12 de setembro de 2011

um sonho de flor

as flores murcham às quatro meia
desfolham as viçosas manhãs
sem dizer adeus
deixam as camas desarrumadas
e fogem
sem beijos de despedidas

seus olhinhos safados
pedem mais carinhos línguas
disparadas pelo corpo
cadentes e sozinhos
elas pedem
um pouco mais
e desaparecem

as flores desabrocham depois das dez
acobertadas de espinhos
embelezando o seu cheiro gostoso
e elaborando suas pétalas
com cor de vida
beijam sozinhas
e acordam mais belas
fugitivas

as flores morrem aos vinte e sete
mitificam-se e nem sempre renascem
as seis da manhã
muitas vezes, permanecem
lindas
anônimas

as flores são mais atraentes
que as fotos
elas gritam
as calcinhas da bunda tiram
e gozam
as cinco, seis, quatro
(de manhã, de tarde ou de noite)

as flores são malvadas
(desnecessárias),
mas como gosto delas!
gosto tanto que um dia
serei uma

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