sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Conversa entre duas moças





- olhe pra mim, o que você vê além de peitos, boca e olhos?
- eu vejo uma menina que está tentando se descobrir, você vai achar o seu caminho. Acalma a sua inquietude!
- se eu acalmar ela é provável que eu deixa de me expressar poeticamente? Amiga, eu quero trepar com alguém que me olha nos olhos, eu quero sorrir com alguém que chora quando perceber pequenas demonstrações de carinho e alegria, eu quero alguém que me liga em pleno domingo de manhã não pra ver se a minha casa está livre pra namoricar, mas pra falar besteira, escutar sobre música ou coisas idiotas masculinas. Meninos não gostam das mulheres inquietas ou será que o mundo ficou tão de cabeça pra baixo que as pessoas deixaram de gostar dos papos onde as palavras são mais do que expressões verbais do nada?
- menina, você tá tentando...                                                                     
- eu sou jovem hoje, bonita, com seios firmes, boca límpida e rosto inocente. Amanhã serei uma velha, estou tentando o quê?  Você sabe o que você tenta?
- não sei
- eu  também não... Acho que viver é um absurdo!  Será que um dia um homem ao invés de me mostrar como gozar com minha xotinha vai me dá orgasmos na alma? Será que não nasci andrógina, nasci apenas mulher? Nasci pra ficar sozinha com minha encantadora subjetividade e um olhar tão penetrante que atravessa qualquer libido dos carentes e canalhas – alguns minutos de silêncio, ela bebe outro copo e responde para ela mesma – nasci com a maldição dos escritores malditos, a solidão dos instáveis e a alma dos inquietos! Nenhum homem será capaz de me aguentar, sou por demais uma chata! Me resta os poemas e livros e música e teatro, me resta apenas o que consola até Deus, a própria criação. 

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